segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O que é texto?

Hoje discutiremos o sentido de texto com base na leitura da notícia jornalística da semana passada, bem como dos textos teóricos escolhidos e indicados na última aula. Esses testos estão disponíveis na xerox do Bloco 13, na pasta da nossa disciplina contendo meu nome.

10 comentários:

  1. Olá pessoal,

    Eu gostaria de compartilhar com vocês alguns trechos de um texto muito bom que eu tive a oportunidade de ler chamado "PALAVRAS INCONSIDERADAS NA LAGOA DO CONHECIMENTO", ele é super pertinente com o que estamos estudando agora nas nossas aulas de Português pra Comunicação, porque a autora trata justamente do tipo de produção de textos jornalísticos feitos atualmente, e levanta o debate de até que ponto nós devemos nos ater a questão de escrever textos sempre objetivos, concisos e que impedem um aprofundamento crítico e reflexivo por parte do autor. Gostaria que vocês dessem uma lida no texto, e deixassem suas opiniões se concordam ou discordam do posicionamento dessa autora.

    Abraço,

    Lila.

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  2. Texto: PALAVRAS INCONSIDERADAS NA LAGOA DO CONHECIMENTO
    Autora: Florence Dravet (doutora em Ciência da Linguagem pela Universidade de Paris - Sorbonne, na França, e é professora dos Cursos de Comunicação da Universidade Potiguar - Unp/ Natal-RN)

    (...)

    " Suas palavras (dos jornalistas)caem como pedras redondas e lisas na vulnerabilidade do leitor. Aparentemente inofensivas, carregam consigo o peso do pragmatismo e do seu valor intrinsecamente mercantilista. De fato, o modelo do jornalismo industrial parece oferecer, para a escolha das palavras, duas opções complementares na sua função essencial de criar uma demanda adequada ao que a indústria pode propor. Ora, apresenta palavras vazias, desprovidas de mensagens, enchendo o leitor de nada e despertando nele a avidez de fatos, de notícias. Ora, apresenta mensagens de emoções muitas vezes violentas e agressivas, inculcando a tristeza, o medo, o pessimismo, a vontade de aconchegar-se na ilusãode que é melhor o vazio e o nada. O círculo se fecha e as palavras inconsideradas desse jornalismo, conduzem o leitor à passividade do espírito, ao embrutecimento da mente. São palavras repetidas, abusadamente servidas e resservidas para hipnotizar com o pretexto de informar. Sim, porque informar com objetividade e clareza pretende ser o papel do jornalismo. Dizem também que tem leitor querendo se informar de maneira clara e objetiva. Essa é uma das evidências citadas em todos os cursos de comunicação, pela maioria dos professores e livros didáticos. É a lição que se repete e aprende, mecanicamente, nas universidades, e que se aplica com boa vontade nas redações (...). O Jornalismo industrializado oferece, portanto, informações ditas objetivas e claras para serem consumidas por leitores obedientes, resignados, submissos, semimortos. Se os chamo de seminortos é porque um leitor que quer ler notícias claras e objetivas é um leitor sem desejo, sem paixão, um leitor que não quer envolver suas emoções, suas experiências, sua subjetividade, no ato da leitura. Quero acreditar que esse leitor não existe como sujeito, que só pode existir no imaginário das sociedades de consumo industrial...ainda existem muito mais leitores vivos do que semimortos, talvez só falte quem acredite neles (...). O certo é que a literatura é a esperança da comunicação, para a qual é necessário que se eduquem não só os futuros jornalistas, mas os leitores também (...). Notícias têm sido transformadas em mesmice. Quanta obetividade! Quanto desprezo para com o outro que passa, graças à democratização da informação, a ter acesso à mesmice! E quantas palavras tão simplesmente inconsideradas! Palavras cuja frieza e pobreza afundam, aleijam, atrofiam a inteligência do leitor!Os jornalistas, como os escritores, precisam ouvir, ler, e escrever, compreender, interpretar, exercer sua sensibilidade, saber e conhecer através dos escritos e ditos dos outros. Mas precisam, sobretudo, dar nova vida ao leitor que está morrendo!Porque o patrimônio cultural e universal que é a língua não existe por si só, mas depende de nossa subjetividade para se transformar em objetos de arte, poesias, músicas, lições, mas também em notícias e crônicas. Os jornalistas (os comunicólogos em geral - grifo nosso) não podem mais jogar palavras inconsideradas na lagoa do conhecimento de seus leitores!

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  3. Olá Aline,

    Muito obrigada pela sua contribuição: pertinente, mostrando sua compreensão ativa a respeito do que estamos estudando.

    O trecho do texto de F. Dravet que você nos apresentou traz reflexões bem interessantes a respeito dos aspectos valorativos que circulam na elaboração do gênero notícia. Em especial, chamou-me atenção as considerações que a autora faz sobre o papel e o lugar do leitor no processo de interlocução entre jornal/leitor. É muito comum encararmos a atividade do jornalista (e do jornalismo, em geral) como o grande vilão da mídia. Contudo, a relação é mais complexa. Frias Filho, diretor da Folha de S. Paulo, publicou em seu próprio jornal em 1984 um artigo muito interessante intitulado Vampiros de Papel. A analogia ilustra de maneira bastante criativa essa relação: jornalista/leitor/notícia. Diz ele que o jornal é como o vampiro: só entra em nossa casa se for convidado. Daí a relação simbiótica entre jornalista/jornal/leitor. O leitor quer um determinado tipo de informação e o jornal alimenta esse desejo e, o que é pior, não mais por questões apenas ideológicas, mas mercadológicas.

    Vamos conversando a respeito disso.

    Excelente participação!

    Andréa.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Na verdade é uma grande jogada jornalística, como os jornais são comendados por políticos e interesses dos mesmos. Será que interessa escrever de forma que atine para o senso crítico do leitor? Ou para que o leitor apenas leia aceitando de forma passiva?

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  6. isso é pra deixar o leitor achando que está se revoltando, mas na verdade continua a permitir e a consumir tal produto, só haverá mudança jornalística para realmente haver um bom funcionamento da coisa, quando os mesmos decidirem investir em informação de qualidade e disponibilizar ao leitor, e não ficar remoendo a ira das pessoas e continuar tudo como está!

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  7. de certa forma, as coisas só dão certo na base da insistência.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Sobre a questão dos leitores vivos, é interessante fazer a seguinte observação: para que possa existir maior interesse crítico aos "consumidores" da informação, é preciso que haja uma cultura primordial de leitura na formação dos mesmos, ou seja, o hábito pela leitura deve haver desde cedo, de forma que esse senso argumentativo se faça presente na interação entre a notícia e o leitor.

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  10. Eu concordo com o Robson quando ele fala que é necessário que haja uma cultura de leitura. Quando cultivamos o hábito de ler, inevitavelmente acabamos nos tornando mais críticos. Quanto mais se ler, mais se encontra fundamentos de argumentação, base para análises críticas mais profundas, obviamente que a depender do tipo de leitura cultivada. Um leitor que tenha o hábito de ler apenas revistas de fofocas ou que abordam o mundo dos famosos em atividades de seu cotidiano, certamente não trará os subsídios necessários para esse "leitor vivo" sobre o qual provoca a autora do texto. É preciso que haja uma construção do hábito de se ler, mas que essa leitura seja também um pouco mais aprofundada, e não somente uma leitura "fast-food"...

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